22 de abril de 2008


dormindo acordado
escova os dentes e a vida
branquejando o ralo

15 de abril de 2008

Ocaso

não olho o branco que me abrange

não me cubro nesse vazio
nem sinto a neve que cai tênue

não piso a vaga congelada
(colina em meio ao mar de neve)
nem ouço o estilhar da fenda

não bebo o copo de sereno

não me viro para o oeste

por que nenhuma andorinha?

guardo meus punhos no casaco

Me tranco na torre,
assombrando os corredores
nesta hora morta.

Onde a lasca branca e longa
da lua pela seteira?

9 de abril de 2008


O poeta atravessa a rua
com seu guarda-chuva fechado,
pêndulo fora do compasso
dos seus passos. Me pergunto
como ele estará vendo o mundo
pelo lado de lá da sua
caleidoscópica miopia.

7 de abril de 2008

Elos


Escalando o pai com o olhar,
ele mostrava na mão espalmada do braço estendido
o carro mais corrente
do mundo.

Dei partida às ligações.

Quem põe poesia
aqui? Eu? Você? Alguém
que sopra do além?

No ônibus


Ele vende bala
dizendo obrigado a todos
antes de mais nada.