9 de dezembro de 2006

Soneto pendurado na parede


Olha como o vento quebra no quadro
da praia, como um seco par de mãos
mergulham dentro do mar pendurado
e tentam segurar a areia em vão.

Olha como, repentina, arrebenta
a onda que ora arrebata quem olha
por causa da ressaca violenta;
como parece que o respingo molha

quem olha através do vidro salgado
da janela do quadro; como o mar
parece escorrer do vidro ocular,

talvez pela ressaca violenta
de quem contempla a ilusão mas tenta
nadar no infinito mar pintado.