8 de novembro de 2007

O forró do papai

A pinga no bafo dava
pr’um menino ficar tonto,
mas com força eu segurava;
o forró fora do ponto.

Dançar, até as panelas
pularem da prateleira;
refletida em todas elas,
minha mãe de cara feia.

A mão travada em meu pulso;
o nó do dedo ferido.
E pra cada passo avulso
vinha a fivela no ouvido.

Marcava em minha moleira
o passo com palma suja
até me largar na esteira
sem que eu largasse da blusa.



***

MY PAPA’S WALTZ


The whiskey on your breath
Could make a small boy dizzy;
But I hung on like death:
Such waltzing was not easy.

We romped until the pans
Slid from the kitchen shelf;
My mother’s countenance
Could not unfrown itself.

The hand that held my wrist
Was battered on one knuckle;
At every step you missed
My right ear scraped a buckle.

You beat time on my head
With a palm caked hard by dirt,
Then waltzed me off to bed
Still clinging to your shirt.


______
ROETHKE, Theodore. My papa’s waltz. In: ______. The collected poems of Theodore Roethke. New York: Anchor Books, 1991. p. 43.

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