10 de dezembro de 2024

Poética

eu não digo nada
não digo coisa com coisa
me refiro ao risco

9 de dezembro de 2024

à noite gostava 
de fitar as flores murchas 
que colecionava

29 de julho de 2022

pêndulo oscilou
tanto que quebrou qualquer
coisa sem querer

21 de julho de 2016

à tarde no bosque 
o sol transverso nos troncos 
penteia a clareira
o rio rebola
entre o sinuoso ventre
de areia da orla
mordida do vento
a folha enlevada valsa
despida de verde
o coco na areia
um olho vidrado no
vaivém da palmeira

14 de julho de 2016

Fome do urubu
pousado na cruz, pousada
de quem não é mais nada.

30 de junho de 2016

Nau dos loucos

tudo é pouco
    (tudo é raso
    céu e mar
    e afundar
    é preciso)
entretanto
    (nada a ver
    navegar
    para frente
    para trás)
tanto faz

7 de dezembro de 2015

Contemplo perplexo
através (talvez) do teto
um céu, vão de estrelas.