22 de dezembro de 1998
Estrela da manhã
De manhã,
brilha a chama
no olho do
anjo caído
aqui por dentro,
que é choro de
saudade das
asas que pensa
já ter, um dia,
possuído.
28 de junho de 1998
PORTOCARRERO, Herman. Agnus Purus
Imaculado cordeiro
branco, a faca carniceira
não hesita ao golpear
tua garganta. Enquanto cantas
teu balido de suplício,
esguicha do precipício
das tuas entranhas teu
sangue como chama, como
sol na noite da aflição.
meu querido amigo
nunca quis contar as horas
que passei contigo
15 de fevereiro de 1998
pelo eco do grito
faço ideia do fosso
em
que me precipito
11 de fevereiro de 1998
Enquanto metade fica
a outra pula o muro.
Eu vou pelo escuro.
31 de janeiro de 1998
Submerso
Eu imagino um mundo submarino,
sub-reptício sob a superfície,
onde se afogam a noite e o dia e é
supérflua toda poesia; onde cavalos
pastam em esmeralda flutuação sobre
as estrelas espalhadas pelo chão.
29 de janeiro de 1998
Quando amanheceu,
todo mundo era contente.
Nunca aconteceu.
25 de janeiro de 1998
Continuar sozinho
é o que resta; por seu rastro
estendo o caminho.
11 de janeiro de 1998
Natureza morta
Estou por ali,
jogado no meio da
bagunça do quarto.
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